ESCURIDAO
Acabei de assistir ‘A
Dama de Ferro’, em DVD, com a Meryl Strep, indicado a dois prêmios na última
edição do ‘Oscar’.
Não gostei.
Não, não gostei.
De uns tempos pra cá
os cineastas resolveram que filme com roteiro londrino tem que ter um filtro de
luz escurecido. Uma tonalidade quase tenebrosa. Observem ‘O Discurso do Rei’,
por exemplo.
E isso é falso.
Londres é uma metrópole maravilhosa onde os raios solares dão sim o ar da
graça.
Tenebrosa é Brasília.
Ali é que tudo
deveria ser filmado no escuro ou no máximo em preto e branco.
Outro dia saiu umas
indicações para a presidência da possível CPI que vai averiguar certas autoridades
(senadores, prefeitos, deputados, governadores, assessores e outros mais)
envolvidas com a quadrilha do Carlinhos Cachoeira.
Sabem quem foi um
dos indicados?
O Collor.
O Cooooooolor.
O Collor na
presidência de uma comissão de ética.
Bom, deve ser uma
escolha acertada mesmo. De ‘comissão’ ele entende bastante.
Ademais, o que há de
tão chocante no fato? O Tiririca não faz parte da comissão de Educação e
Cultura?
É tenebroso mesmo.
Mas adorei o ‘Meia
Noite em Paris’, do Woody Allen. Os diálogos (todo o script, na verdade) são de
um ‘frescor’ envolvente.
Sempre dou grande
importância aos diálogos. Por isso adoro ‘Unforgiven’ e ‘Pulp Fiction’. As
falas saem da boca como música.
E foi muito bom para
o Executivo essa operação ‘Monte Carlo’. Desviou por um tempo a atenção da
mídia na roubalheira dos ‘executivos’ do governo Dilma.
Era um tal de
ministro caindo, ministro caindo... Na NET já tinha até sites de apostas dando
a cotação para a pasta da vez.
Mas o que a Dilma
queria nomeando quarenta e seis ministros? É ministro a dar com o pau. Quarenta
e seis.
No governo FHC eram
dezoito e eu já achava muito.
Peguei ‘A Dama de
Ferro’, ‘Meia Noite em Paris’ e mais outros sete títulos com meu fornecedor
oficial de DVD pirata.
Paguei dois reais
por cada um e com entrega no domicilio. Nem precisei sair de casa.
Quarenta e seis ministros.
Em lojas autorizadas,
considerando que todos são lançamentos, eu pagaria uns cinquentão por cada
titulo. No mínimo.
Quarenta e seis ministros.
Seis a mais que o
Ali Babá.
Quer dizer... Gastei
dezoito reais sem sair da poltrona. Se quisesse adquirir os originais eu teria
que desembolsar quase quinhentas pratas e ainda gastar sola de sapato.
Adorei rever
Christopher Plummer em ‘Toda Forma de Amor’.
Christopher é pai
daquela que considero a melhor atriz da atualidade: Amanda Plummer. Mas Amanda
jamais será reconhecida como merece por não ter uma beleza exuberante como a
Angelina.
Claro que muito
admiro a Meryl apesar da formação ‘Vassar College’.
Só não consigo
aceitar o nome que a Policia Federal deu pra essa operação que botou o Cachoeira
na cadeia: Monte Carlo.
Tá mais pra Ciudad
Del Este. Em Monte Carlo o jogo é sério.
O governador Agnelo
jura que não tem nenhum envolvimento com a quadrilha. É tudo armação. Culpa de
quem? Culpa de quem? Culpa da Dona Intriga da Oposição.
Ela de novo. Sempre
assim. Sumiu verba pública... É coisa da Dona Intriga da Oposição.
E, na verdade,
ninguém precisa se preocupar. Tudo não vai dar em nada.
Lembram-se daquele
delegado que ousou tentar prender o Daniel Dantas? Ele é que quase terminou sendo
preso. Pra isso nós temos um Judiciário ‘eficiente’.
Injustiça é não ver
o nome da Amanda figurando entre as 50 maiores atrizes na lista do American
Film Institute.
Claro, entendo que a
AFI considera mais a repercussão da atriz em seu tempo do que propriamente o
trabalho em si. Por isso inclui ‘Rock: Um lutador’ na lista dos cem melhores
filmes, desprezando obras magníficas como ‘Um Violinista no Telhado’.
Já o governador
Cabral jura que não tem e nunca teve nenhuma relação com Fernando Cavendish,
dono da Delta Construções que tem contratos superiores a um bilhão ( eu disse
bilhão) de reais com o estado do Rio de Janeiro, e que o encontro acidental
entre os dois em Paris foi culpa de uma coincidência incrível e fatal.
Ele tava
tranquilamente passeando pela esplendorosa ‘Champs-Élysees’ quando tropeçou e
caiu bem nas pernas do Fernando.
À noitinha (outra merda) resolveu tomar um
champanhezinho de mil dólares a garrafa num hotel até respeitável e quem
aparece? O Fernando Cavendish novamente, se prontificando a pagar a conta e
esticar a noitada para celebrar essas estranhas coincidências.
A noite terminou com
o Cabral dançando literalmente ‘na boquinha da garrafa’. Garrafas de mais de
mil dólares, é claro. Há de convir que era bumbum de autoridade. Queria que ele
sentasse em garrafa de Pitú?
Não que eu deprecie
totalmente a ‘obra-prima’ do Stallone, que foi até vencedor do Oscar, mas o
roteiro é medíocre. Escrito em vinte horas, segundo o próprio autor, e filmado
em menos de um mês.
E determinaram uma
blindagem total sobre o que for descoberto na CPI que vai averiguar as relações
do Cachoeira. A imprensa não pode saber de nada. O povo não pode saber de nada.
Até senador que ‘vazar’ depoimentos pode ser punido. Ué, por que será?
Vasculhando a NET,
descubro que até um ex-presidente do STF pode estar envolvido. Um ex-presidente
do Supremo Tribunal Federal. Órgão máximo da justiça nesse país. Governadores,
senadores, membros da última instância do Judiciário... Não há mais esperanças.
É melhor jogar a toalha.
Agora... Não gosto
mesmo do Stallone. Pra mim o Stallone é o Theo Becker que deu certo.
Theo Becker (é só
rever o ‘reality show’ daquela fazenda no youtube) é o Smerdiakov da
dramaturgia brasileira, se o Fiódor puder me desculpar por isso. Se o próprio Smerdiakov
puder me desculpar por isso.
E tem sempre um
‘ingênuo’ na televisão aconselhando a não comprar produtos piratas. Que isso
causa prejuízos à nação e coisa e tal.
Eu... Bem, eu vou
continuar dando preferência aos serviços do meu ‘fornecedor oficial’, que mesmo
tendo ‘impostos’ altíssimos (propinas, mercadorias apreendidas...) consegue me
vender por dois reais um produto que legalmente é vendido por cinquenta.
Quem é o bandido
então?