
Sábado, convidado do programa ‘Altas Horas’, o Pedro Bial afirmou que noventa por cento dos jovens brasileiros são burros.
Não sei de onde ele conseguiu esse redondo percentual, já que em uma rápida pesquisa pela Net, logo após o programa, não encontrei matéria alguma que amparasse tal afirmativa.
Não posso, contudo, deixar de dar-lhe algum crédito.
Nossa juventude ninada em seus primeiros anos por xuxas, kellykeys, xororós e outros ‘ícones’, parece mesmo mostrar uma certa deficiência. Um rápido ‘tour’ pelo Orkut evidencia isso.
Nesse site de relacionamento escrever de forma estupidamente errada e grotesca virou moda e confere algum ‘status’ aos que assim se comunicam.
Há caixas de recados que uma pessoa não familiarizada com tal modismo não consegue ‘intimder’ nada.
Como essa moda surgiu? Provavelmente como uma forma de camuflar e dar algum toque de elegância ao desconhecimento da nossa língua.
Na entrevista concedida ao Fantástico, Alexandre Nardoni, acusado pelo assassinato de nossa querida Isabella, vomitou tantos erros de português que ainda que não seja culpado pela morte dessa triste criança deveria ser no mínimo condenado por agressão sem dar direito de defesa ao nosso idioma. E note-se que Alexandre Nardoni tem curso superior.
A própria defesa do casal, constituída por três advogados, sendo dois ainda bem jovens, executou seus deveres de forma tão estúpida que chego a acreditar e entender os motivos pelos quais a OAB se queixa de que uma grande parcela dos estudantes aprovados não consegue passar no teste dessa instituição.
Vejam aquelas cartas entregues à imprensa pelo casal Nardoni. Qualquer idiota perceberia pelo estilo idêntico com que foram escritas, chegando a ter frases repetidas nas duas missivas, que foram elaboradas por uma só pessoa na esperança frustrada de conceder alguma aparência de inocência aos acusados.
Poucas vezes vi uma tentativa tão malfadada.
Na própria entrevista concedida ao Fantástico pelo mesmo casal não há nenhuma técnica de convencimento, contra-argumentação, postura de comportamento psicológico adequada e outros tantos artifícios para que os advogados pudessem supor que lograriam algum êxito no que ela fosse concedida.
Ouso dizer que tal entrevista, estupidamente preparada por esses defensores que tiveram dias e dias para ensaiá-la, assinou de vez a sentença de condenação dos Nardoni.
Mas talvez o Pedro Bial tenha exagerado. Não quero crer que tamanha parcela de nossos jovens possa ser enquadrada na posição hierárquica menos favorecida da família dos eqüídeos.
É claro, no entanto, que algumas vezes ficamos realmente estupefatos ao ouvir, por exemplo, nesse mesmo programa do Serginho Groisman, dono do ‘slogan’ convidativo ‘vida inteligente na madrugada’, que quem nasce no Peru é perunista, como assim afirmou um certo jovem ator de considerável projeção nacional.
Ficamos mesmo com uma certa e incômoda pulga atrás da orelha também quando assistimos a esses programas de perguntas e respostas com artistas famosos que nos deliciam com verdadeiras pérolas de conhecimentos gerais.
_ Quem foi Proust? _ pergunta o apresentador.
_ O inventor da próstata? _ taxativo responde o convidado.
Nossa!
_ Kafka?
_ Aquele pastelzinho árabe?
Nossa!
O próprio apresentador Leão chegou a ‘auxiliar’ um de seus convidados sobre uma pergunta referente à bomba de hidrogênio esclarecendo que foi aquela lançada em Hiroshima em ‘1954’.
Nossa!
No programa ‘Show do Milhão’ do Silvio Santos o cantor Zezé Di Camargo não soube responder qual o número que multiplicado por ele mesmo resulta em 49.
Putaquepariu!
_ Quem é o tio do Pato Donald?
_ Peço ajuda aos universitários.
Outro dia um professor de certa faculdade nordestina declarou que os baianos são desprovidos de uma razoável capacidade intelectual.
Caso haja alguma verdade em sua afirmativa acredito que melhor seria se ele estendesse um pouco mais em termos geográficos essa opinião. Não vejo mesmo nenhuma diferença entre a capacidade dos baianos em relação aos paulistas, por exemplo.
Observe que a maior parte dos jovens convidados ao programa ‘Altas Horas’ vem da região Sudeste e outro dia um rapaz questionado sobre se já tinha se relacionado amorosamente com alguém através dos recursos do Orkut respondeu que não se lembrava.
_ Faça uma forcinha. _ solicitou o apresentador visivelmente irritado.
O rapaz não conseguiu mesmo se lembrar.
Se acaso há realmente alguma deficiência no raciocínio de nossos jovens talvez devêssemos estender essa idéia a todos os brasileiros, independente da idade.
Digo isso porque me pareceu uma demonstração de total estupidez e ignorância a manifestação ocorrida com a prisão do casal Nardoni.
“A justiça começou a ser feita”, até sentenciou a mãe de Isabella em entrevista à Rede Globo.
É preciso ser mesmo um completo idiota para acreditar que algum dia será feito justiça na medida adequada a esse caso.
Ainda que o casal seja condenado, após júri popular, no máximo passarão três curtos anos aprisionados. Isso é o que manda e reza a lei para pessoas mais abastadas.
Eu não apostaria sequer nesses três anos.
Dou como exemplo o caso do réu confesso e condenado com agravantes quase idênticas, Pimenta Neves, que ainda não soube o que é passar um mísero natal na cadeia.
E os Nardoni sequer são réus confessos.
A justiça jamais será feita em nenhum desses casos, embora a população acredite burramente que sim.
Interessante que a decretação da prisão preventiva do casal fez-me por em duvida a própria capacidade intelectual do juiz que a decretou e de todos os elementos do nosso Judiciário.
Observem se não tenho alguma razão:
A prisão preventiva exige para a sua decretação que esteja provada a materialidade do crime e haja indícios suficientes de sua autoria.
Ora, a palavra suficiente significa que basta, que satisfaz plenamente. Então não há necessidade de algum tipo de julgamento dos Nardoni já que a Justiça ao aplicar a prisão preventiva deixa bem claro, de acordo com as exigências de tal prisão, que o casal é totalmente culpado, ainda de acordo com os indícios suficientes.
Se houver um julgamento significa dizer que esse juiz talvez tivesse cometido um equívoco com tal prisão e que as provas apresentadas não eram suficientes.
Conseguem entender meu raciocínio?
No momento de uma prisão preventiva o juiz está no mínimo prejulgando e furtando o sagrado direito de defesa do acusado.
Parece que o juiz também amparou essa prisão preventiva no intuito, de acordo com a lei, de acautelar a credibilidade da Justiça e garantir a ordem pública.
Nossa!
Salvo eu estar redondamente enganado, mandar prender alguém para dar credibilidade a uma instituição ou ainda atender a anseio popular não é o que eu entendo exatamente por justiça.
Peço aqui minhas desculpas a esse juiz, que tenho como um excelente magistrado, já que na verdade burros mesmo somos nós quando elegemos burros ainda maiores para a elaboração de nossas leis.
Finalizo lembrando, como já citei, que mês passado um professor de certa faculdade nordestina insinuou que os baianos são menos capacitados intelectualmente, vou assim dizer.
Houve uma justa indignação de toda a sociedade baiana.
Sábado, convidado do programa ‘Altas Horas’, o Pedro Bial afirmou que noventa por cento dos jovens brasileiros são burros.
Na saída do programa foi aplaudido entusiasticamente por todos os jovens presentes na platéia.
Deus meu! É possível então que ele esteja certo.