SOMBRAS SOMENTE

30 junho, 2007
  A PIRATARIA É UM BEM SOCIAL
Piratas mesmo são nossos governantes.






Sou absolutamente contra qualquer exercício à margem da lei, mas não posso ser contra a pirataria.
Não vivendo nesse país tão desordenado.
Acho até que no Brasil a pirataria termina sendo uma atividade que contribui significativamente para o bem social.
Isso mesmo.
Aqui a pirataria serve para apaziguar classes menos favorecidas.
Acredite que isso é verdade.
Não aceito os argumentos de seus opositores. Esses políticos, apresentadores de noticiários ou outros críticos da questão.
Atiram-se aos microfones e tacam o pau no comércio pirata sem a menor reflexão sobre o assunto. Um combate totalmente desguarnecido de explanações mais consistentes.
Quando alguém fala sobre o tema, apenas cita o prejuízo aos cofres públicos.
Pelo amor de Deus.
Então se o prejuízo é somente aos cofres públicos, não chega a ser tão mal assim.
Dinheiro está sobrando aos nossos governantes. Dificilmente se encontra uma administração estadual ou municipal que não esteja sendo escandalosamente assaltada e não se toma nenhuma providência.
Todos os dias os noticiários informam desvios do erário e ninguém é preso.
Quando é, logo o Supremo do Judiciário manda soltar e demitem alguém da Polícia Federal.
Furta-se muito mais do que o comércio clandestino subtrai em impostos e não existe força de lei para acabar com isso.
Na verdade até os homens da lei estão lucrando com esses crimes.
Isso porque não é preciso se preocupar.
Tem dinheiro sobrando.
Dados oficiais informam que para cada cem reais surrupiados dos cofres públicos menos de dois são recuperados. Menos de dois por cento.
E esses números são calculados apenas sobre os crimes que foram descobertos.
Como todos nós sabemos que se rouba um montante bem acima do anunciado, existe uma enorme probabilidade de que sequer um por cento seja devolvido à gaveta.
Não tenho planilhas para medir a diferença entre o que se perde com o comércio pirata e a roubalheira do dinheiro público, mas acredito, depois de um cálculo simples e empírico demais para demonstrar, que deve estar situado em volta de um por quatro.
Ou seja, para cada um real não arrecadado através desse delito, quatro reais são afanados pelos nossos administradores.
Não seria melhor recuperar quatro do que ganhar um?
Principalmente quando esse um corre o grande risco de ser igualmente afanado.
O que já me levaria a rejeitar qualquer solução para o problema da pirataria sem antes resolver o problema onde estou tendo prejuízo maior.
Vamos discorrer outros argumentos, no entanto.
É interessante que eu lembre que os críticos da pirataria estão sempre a citar o montante não arrecadado em impostos, esquecendo de mencionar os autores, detentores de marcas ou artistas que são realmente os maiores prejudicados com esse comércio ilegal.
E atentem que se não são esses, os verdadeiros donos do produto, o crime nem existiria.
O governo só arrecada.
O governo não produz nada de bom que alguém se interesse em copiar.
No entanto todos os combatentes da pirataria se utilizam sempre desses jargões: “O que o governo deixa de arrecadar” ou “o prejuízo aos cofres públicos”.
Como se o governo fosse o dono único do produto.
Tudo bem.
Inicialmente vamos analisar o valor, ou o real valor, desses produtos.
Porque uma rápida reflexão nos leva a crer que essa, senão única, é a principal causa da pirataria.
O valor.
Já que dificilmente, se os produtos legais tivessem preços competitivos, alguém se arriscaria ou mesmo auferiria lucros ao vende-los ilegalmente.
Não vamos aqui citar todos esses produtos. A lista seria imensa.
Vamos tirar como exemplo o que acredito seja um dos mais comercializados.
O DVD.
Creio que esse é o campeão de vendas.
Você passa numa rua central de qualquer cidade e os vê aos milhares, sendo oferecidos por camelôs.
A quanto são vendidos?
Por três reais.
Um DVD por três reais.
Eis o preço de um DVD pirata.
Sem importar se é lançamento ou não. É o mesmo preço invariavelmente.
E qual o preço de um DVD original, comercializado por estabelecimentos autorizados?
Começo a ter problemas.
O valor é extremamente variável.
Enquanto que o comércio clandestino parece apresentar até uma espécie de ética no comportamento da comercialização (mesmo em diferentes cidades o preço pouco altera), nos estabelecimentos legais e autorizados o mesmo não ocorre.
Não raras vezes nos irritamos ao perceber que se tivéssemos comprado algum desses produtos em outra loja teríamos tido uma relevante economia.
Claro, temos que respeitar as normas da livre concorrência e a variação de preços é muito bom para a competitividade.
Você é livre para pagar mais ou não.
Mas qual o preço?
Um lançamento varia entre trinta e sete e quarenta e oito reais.
Minha Nossa!
Vamos dar um preço médio.
Quarenta e dois reais.
A cada um que eu compre legalmente, eu poderia comprar catorze clandestinamente.
Minha Nossa outra vez!
O preço de um pelo preço de catorze.
Em vez de eu comprar um num estabelecimento legalizado, eu posso adquirir catorze no camelô.
Só mais essa vez: Minha Nossa!
Quem você acha mesmo que está sendo bandido?
Um produto que pode ser comercializado por três reais é vendido por um valor catorze vezes acima e nos fazem querer acreditar que o ladrão é o que vende estupidamente mais barato?
Sou patriota, mas não idiota.
E isso ainda não reflete a realidade dentro da idéia que quero expor, já que se não houvesse a perseguição dos órgãos da lei que muitas vezes resulta em apreensão de mercadorias o preço do DVD no camelô ainda cairia para dois reais.
Levantei “in loco” esses dados.
Poderiam ser vendidos com preços mais baixos se não tivessem no custo final que incluir o risco de perda da mercadoria.
Um DVD por dois reais.
Vendem por três para cobrir essa espécie de imposto que a pirataria paga.
Subornos a autoridades municipais, apreensão de mercadorias e outros.
Portanto não venham me dizer que o comércio pirata não paga impostos e por isso os artigos são vendidos a preço mais baixo.
Um DVD poderia ser comercializado por dois reais se não tivesse que pagar esses ‘impostos’.
Um DVD ‘legítimo’ custaria então vinte e uma vezes mais caro.
Desculpe, mas não resisto: Minha Nossa!
A diferença é tão absurda que não há como não se sentir lesado ao adquirir um ‘original’.
Vamos nos ater ao preço de três reais, no entanto. Preço esse catorze vezes inferior ao produto original.
Atentem que todos na pirataria estão tendo grandes lucros praticando esses preços.
Produtores, vendedores e outros.
Não se arriscariam se não fosse bastante compensador.
O lucro é tão grande que vale se arriscar à prisão.
Na verdade os chefões rapidamente ficam milionários.
O que acontece então?
Os gastos com a matéria-prima são idênticos.Usa-se o mesmo CD nos dois artigos. Ou os DVDs legais são produzidos em disquetes de platina?
Quanto à assistência pós-venda, posso garantir que é mais rápido trocar um produto pirata defeituoso com o camelô (leva no máximo dois minutos) do que numa loja autorizada (temos às vezes que preencher até formulários).
Então que lucros querem auferir os originais?
Claro que os custos com a pirataria estão somente nas esferas da produção e comercialização.Não incluem os direitos do autor e os impostos.
Mas é necessário que o preço seja multiplicado por catorze para dar rendimentos satisfatórios aos proprietários dos direitos autorais e ao governo?
Não acredito que os artistas levem toda essa diferença com os direitos autorais.
Aos comerciantes igualmente não credito esses preços abusivos.
Diria que esses talvez sejam as maiores vítimas em toda essa questão. Precisam vender e não possuem nenhuma condição de enfrentar tão desigual concorrência. Na verdade, são os que estão tendo maiores prejuízos.
Quem está nos roubando então?
Não é possível que uma diferença tão brutal de preços seja proveniente de custos realmente honestos.
Quem?
Nos sobrou apenas a carga tributária.
É o voraz apetite do governo na procura de subtrair nosso suado dinheirinho, o único bandido?
Deve ser.
Nem vou analisar.
Todo mundo sabe que possuímos uma das maiores cargas tributárias do mundo. Que impostos diretos ou indiretos podem multiplicar bastante o preço de um produto em seus custos iniciais.
E o pior. Sabemos que não existe nenhum retorno em benefício da sociedade na utilização desse impostos.
O que fazer então?
Continuar combatendo de forma ignorante e sem nexo a pirataria em si?
Querendo simplesmente arrancar uma das poucas condições de lazer (previstas inclusive na constituição) do povo brasileiro, que como os demais em condições miseráveis, necessita de instrumentos simples e acessíveis para isso?
Já não pode ir a um cinema (teatro é até grotesco falar), não pode assistir a uma apresentação musical, não pode sequer alugar uma dessas obras em locadoras (sai mais caro que comprar o pirata), e vamos nos empenhar em também lhes retirar essa que é uma das poucas formas de entretenimento que ainda dispõem?
Devemos condenar o povão a limitar-se em assistir somente um pouco de televisão após um dia extenuante de trabalho cujo benefício financeiro mal dá para o leite das crianças?
Deve ele se esforçar ainda mais se quiser adquirir um DVD para se deliciar algumas horas com uma boa obra?
Seria bom considerar que o preço de um DVD original equivale a mais de dez por cento do salário da maioria dos brasileiros.
Deve então, quando gostar de determinada música, ligar o rádio e torcer para que seja tocada em alguma estação?
Você acredita que essa forma de entretenimento (assistir a um filme, por exemplo) deva ser oferecida ou almejada apenas por uma determinada classe social?
Você acha mesmo?
Não sou hipócrita.
A pirataria hoje (podem me chamar de louco) termina sendo um bem social.
Ela oferece a única condição do nosso povo ter determinados produtos sem a necessidade de furtá-los.
Tem gerado mais empregos que qualquer esforço governamental nesse sentido.
Tem poupado milhares e milhares de brasileiros de adentrarem na criminalidade ‘real’ encontrando na pirataria a única forma de sustento de suas famílias.
Ela gera lazer, tão útil a mentes cansadas, conturbadas, sofridas e negligenciadas nesse sentido pelos órgãos competentes.
Não são apenas DVDs. São centenas de produtos em benefício dessas pessoas.
Produtos esses que não poderiam ser adquiridos por uma boa parcela da população sem esse tipo de comércio.
A maior parte de tais produtos são artigos simples, mas necessários a qualquer um e não poderiam ser obtidos de outra forma, salvo através de meios ilícitos.
Não têm então os mais humildes direito de adquiri-los?
Mas como citei no início, sou contra qualquer forma de ilegalidade.
Acontece que as leis devem ser feitas para o bem estar de um povo e não para acabrunhá-lo.
Devemos esperar que legisladores ao elaborá-las visem benefícios que elas possam provir e não o contrário.
E não é o que acontece nesse país. O espírito de Licurgo nunca ousou acometer nossos legisladores.
Outro dia anunciaram um novo presidente para o Conselho de Ética do Câmara dos Deputados. Um parlamentar suspeito de vários crimes.
A Ética nas mãos de bandidos.
Devemos esperar uma solução do problema da pirataria, contudo.
Não acredito que isso será feito pelos órgãos competentes. Estão repletos de cabeças incapazes.
Há oito meses tentam fazer os aviões voarem e não conseguem e a ministra do Turismo nos aconselha a relaxar e gozar.
Minha Nossa pela última vez.
O que fazer, então?
A resposta está nas partes mais atingidas.
Os artistas, inventores, criadores e demais que estão tendo prejuízos diretos.
E, principalmente, os empresários.
Os empresários podem obter a solução.
E a solução é simples.


Bem simples.
 
Comments:
Concordo plenamente, como dizem aqueles que repetem o que outros dizem:concordo em gênero, número e grau, sem ao menos saber a profundidade da abordagem do assunto. As vítimas do sistema ainda estão preocupados com o que é politicamente correto,rss é mole? Como se fosse algo absolutamente isolado!
 
Sombras, me decepciono pela primeira vez com um post seu... Você abordou o assunto de maneira simplista, olhando somente por um ângulo. Concordo que os preços são abusivos, e que há uma grande carga de impostos, mas as gravadoras ficam com uma grande fatia desse valor também. Os produtos pirata abastecem o crime organizado. Uma mídia pirata não tem a qualidade da mídia original, como você citou. Os DVDs pirata não possuem encarte nem caixa de proteção. Não compro DVDs originais, também acho um absurdo pagar tão caro por eles, mas não há como incentivar a pirataria sem uma análise mais abrangente.
Abraços de sua amiga
 
Sou patriota, mas não idiota.

aheuaheua boa
gostei.. muito bom esse texto
 
Embora a simplicidade seja ainda um sinônimo mal eleito de coisa menor - principalmente por quem dá aos arabescos e filigranas, maior peso do que o conteúdo - eu concordo com o que leio aqui. O combate à pirataria é apenas uma ação externa que pressiona um povo subjugado pelas "aritmanhas" econômico-finaceiras do nosso arremedo governamental. O objetivo aqui é agradar externamente. Os assuntos daqui, nunca serão protegidos desta forma, pois vai faltar moeda nacional em circulação para cobrir tanta "propina". Se camelô vendesse passagens áreas, os aviões voariam e as viagens se concretizariam. Na esteira desta simplificação de abastecimento dum mercado exaurido, está a competência e a sensibilidade de quem o controla, por entender de preços e de capacidade de endividamento da população. O dinheiro que a Pirataria faz render no bolso de quem precisa e é espoliado pelo Governo, concordo e torço para que se fortaleça, ao invés de ser banido.Assim, o Governo que nos rouba, levaria muito menos. A farsa da UNIMÍDIA GLOBAL que fica falando no que se deixa de arrecadar em Impostos (como se estes, pagos por nós,voltassem em nosso benefício), é uma manobra imbecil. Não nos serve de nada! A nós, "SOMBRAS SOMENTE" valem muito mais! Abração!
 
A solução é fazer uma comunidade chamada "Queremos o Sombras no Programa do Jô".....e , claro, Sombras pra Presidente!
 
Sombras, você conseguiu me convencer que o ilícito não é o ¨desonesto¨(pelo menos neste caso).
Parabéns pela sensibilidade desse discurso.
 
olá,somos um grupo de artistas da amazônia, vimos uma foto c/ o tema "sombra" no teu blog e gostaríamos de convidar vc para participar de nosso projeto "inventário das sombras" - pode ser vídeo, foto, poema, etc - vc decide:

http://br.geocities.com/coletivomadeirista/foto_fotos.html

coletivomadeirista@yahoo.com.br
 
[sem comentários, tenho a prateleira entupida de cd´s, dvd´s e afins... piratas, claro! rs]
 
Parece que estamos num paíz democratico e deveria portanto decidirmos se queremos pagar por um CD ou DVD pirata ou não!
Liberdade de escolha!Porque os valores cobrados pelo produto não pirata é absurdo e para enrriquecer alguns e empobrecer muitos!Impostos para o governo que deles nada fazem para o bem dos brasileiros!Se porventura investisem na saude publica e na educação dos menos favorecidos ainda valeria a pena pagarmos caro.CARISSIMO pelos DVDS e CDS não piratas!Se os policos não fossem verdadeiros piratas o Brasil seria diferente e temos que aceitar a pirataria desses politicos.Portanto prefiro os DVDS piratas a esses politicos piratas!!!
 
Amei!!!!!!!!!! Concordo literalmente!! Esse texto é bacana demais!!!!!!! bjs......
 
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