MULHERES MARAVILHOSAS NÃO PODEM SER ILUDIDAS COM SOMBRAS-
Achei que seria interessante, e honesto mesmo, avisar às minhas queridas leitoras que o Sombras é feio pra cacete.
Bom...Talvez até não seja tanto. O nariz é bonitinho, desde que visto num boneco de desenho animado. As orelhas um pouco grandes, mas que nem seriam percebidas se você estivesse no meio de uma manada de elefantes. E em todos os outros itens pode-se mesmo encontrar alguma forma de beleza. Tendo boa vontade, claro.
O problema é o conjunto, como se diz.
O conjunto é que não agrada muito.
Outro dia marquei, através do ‘messenger’, que não uso mais como se descobrirá depois, umas horas de papo mais íntimo com uma solteirinha muito a fim de se ilustrar com minhas palavras, numa bela tarde de segunda-feira.
Toquei a campainha e ela logo que atendeu, vociferou irritada: _ Eu já paguei._ batendo a porta na minha cara.
Com a madeira colada ao meu nariz, fiquei pensando: “Queria o que, Sombras, com essa cara numa ingrata tarde de segunda?”
A distinta só podia imaginar que fosse o cara da cobrança mesmo.
Mas tenho alguns valores, óbvio.
Nada é totalmente desprezível.
Se a ‘interessada’ tiver a firmeza e resistência de suportar os minutos iniciais, acometo-lhe uma verborréia implacável que faz, quase sempre, com que a ‘vítima’ termine cedendo aos meus lúgubres apelos.
Sim. Se eu tiver chance de abrir a boca, eu como.
Porque sou, como maravilhosamente disse Keats:
“Avaro do som e da sílaba, não menos
Do que Midas da sua cunhagem.”
Já que não fui agraciado divinamente pela beleza, desenvolvi algumas técnicas labiais para ‘cozinhar’ no papo.
Ademais, procuro nas horas pré e pós 'operatóriaa’, dar-lhes boas compensações em sentidos que possam ser confortantes.
Procurei mesmo saber bastante sobre o que elas apreciam durante e depois desses momentos mágicos.
É. Feio tem que ser esperto.
Portanto, vamos ao que interessa e que é o motivo dessa minha postagem: Dar às minhas queridas leitoras que solicitam meu ‘messenger’, as explicações do porque eu o ter desativado.
Lembro-lhes, contudo, que minha caixa de mensagens do Yahoo permanece aberta para quaisquer comunicações mais íntimas, vamos dizer assim.
Seria imensa burrice eu fechar todas as portas, não é mesmo?
E eu sou feio e não burro.
De burro só tenho o .... Bom, deixa pra lá.
Desativei meu ‘messenger’ no finalzinho de novembro.
Eu estava a trabalho em Belém, a bela capital paraense, quando o usei pela última vez.
Tava mesmo me roubando um bom tempo para escrever.
Toda vez que eu o abria, havia um monte de usuários solicitando adição, e só na escolha dos que poderiam me render bons frutos, eu levava uns vinte minutos.
Primeira etapa era excluir os marmanjos, claro.
A segunda era definir as mais ‘dispostas’ e com perfis mais adequados aos meus gostos.
Na terceira etapa eu procurava selecionar aquelas de provável ‘colheita’ rápida.
Foi quando encontrei uma gaúcha madura, com banca de intelectual e a passeio justo na cidade onde eu me encontrava solitário e ‘desamparado’.
“Gaúcha quarentona e culta, de relance em Belém”, prefaciava o msn.
Nem acreditei.
Imagina... Eu sozinho em Belém e aparece uma de relance.
Que mamata.
Madura, intelectual e bem pertinho de mim.
E pelo ‘relance’ devia ser cheia de fricotes.
Tenho mesmo certa preferência por mulheres maduras, intelectuais e cheias de fricotes.
Costumam apresentar uma classe toda especial na hora do ‘vamos ver’ e eu adoro um mise-en-scène.
Fiquei logo imaginando a distinta.
Sisuda e toda cheia de pose, mas que na hora do fuque-fuque põe as duas mãos na cabeça para não perder o juízo, como se diz.
Deve ser daquelas que não tira nem os óculos para trepar.
Num ‘boquete’ deve pegar o ‘referido’ com dois dedos e só nas pontas. Com classe mesmo.
Parecia que eu tava vendo ela sussurrando: _ “Se tu fazes assiiiim, meu amooor, eu góóózo”.
Maravilha.
Passei a borracha nas outras e fui logo adicionando a madame.
E o dia estava mesmo para o caçador, pois logo de primeira a lebre tava on-line.
[ Mas báááááá, Sooombras! Tava muito afiiiiiim de falar contiiigo. ]
Fiquei todo arrepiado.
Mantive a calma, no entanto.
Sei muito bem como são essas mulheres que adoram dar uma trepadinha mais intelectualizada.
Você tem que primeiro ficar só na moita.
[ Pareceu-me que tu ésssss um cariiiiinha triiilegal. ]
[ Li tuas matééééérias no blog e vi que tens um formidáááável poder de abstração e gostaria de saber o que aaaachas da... ]
O preâmbulo é sempre um pouco cansativo. Necessário, contudo.
É a hora de passar a manteiga e procurar evitar que o pão caia.
Se cair, cai sempre com a parte da manteiga pra baixo.
É preciso mesmo cuidado.
[ Saaaabes que aquela matéria que tu postaaaastes sobre o suicídio me fez pensar muito a respeeeeito? ]
[ Fiquei imaginaaando as inferêêêências reais sobre o que acredito ser apenas suposições filosóóóóficas do entendimento como um todo e que talvez necessiiiiitem... ]
Tava começando a complicar.
Dei mais um tempinho, no entanto. Afinal já tinha percebido que o gado era de raça.
Enquanto ela desabafava, eu ficava pensando na chácara que um colega de trabalho me deixou à disposição para qualquer ‘emergência’. Embora tivesse apenas um humilde casebre, era um lugar bem apropriado.
Pela noite sempre apareciam uns mosquitos enervantes, mas dava para perceber que a gaúcha não seria de reclamar de picadura.
[ Eu meeeeesma estou pasaaando por um angustiaaante período de introspecção que talvezzzz me leve a cometeeeer suicídio por esses dias... ]
_ Antes da sexta-feira? _ perguntei preocupado, pois só tava com a quinta livre.
[ Não seiiii. Ainda estou um taaaanto duvidooosa. O que tu aaachas que hááá depois da morte? ]
_ Um corpo para ser enterrado. _ respondi meio seco e já um pouco nervoso, achando que o negócio podia melar.
[ Não é iiiisso, Sombras. Faaalo da existêêência pós mooorte. ]
_ Uma merda, minha gauchinha! Uma merda! O melhor é aproveitar por aqui mesmo. Fora o suicídio o que você tem programado para essa semana?
[ Não sei aiiinda, Sombras. Tô pensaaando em visitaaar um templo hindu que fica nos arredoooores da cidade... ]
Uma leve brochada ia vagarosamente me acometendo.
Intelectualizada demais.
Templo hindu?
Na hora que eu gozar essa dondoca é capaz de me indagar “alcançaaaastes o nirvana, meu moooonge?”
Eu não ia conseguir dar a segunda.
O negócio estava começando mesmo a ensebar, mas sozinho e a trabalho ainda deduzi que melhor era dar mais uma persistida e ver no que dava.
_ Mas que hotel você está aqui em Belém para que eu possa te fazer uma visita e termos uma conversa tête-à -tête?
[ Eu estou no Hoteeeel das Mesquitas, bem próximo ao Muro das Lamentaçõõões, que acho que é o locaaaal mais agradááável aqui de Belém e de toda eeessa região entre a Cisjordânia e Israel ]
Foi como se esse Muro das Lamentações caísse sobre a minha cabeça.
Já faz um bom tempo mesmo que eu não abro o ‘messenger’.
¶ 10:46 AM
Comments:
Tava esperando muito uma nova postagem, e esta veio muito bem, hehehe
Adorei a história e os comentários...
Cara te considero um dos melhores escritores que encontrei nestes ultimos tempos. Abraços
Águia, não pegaste a presa, Tche? Baa sabe-se lá, como não tem voz só cor, preto e branco, baa sombra saiste bem a tempo! tche. tinha tudo para ser de Pelotas