SOMBRAS SOMENTE

02 dezembro, 2006
  UMA MENTE CONTURBADA

Embora eu jogue xadrez até com razoável habilidade, nunca consegui entender ou aceitar as diferenças entre tática e estratégia.
Para mim é tudo a mesma coisa.
Dependendo da aplicação, a estratégia passa a ser tática ou o inverso.
Recorri ao “Aurélio” na esperança de me elucidar, embora nunca fui muito fã desse dicionarista.Tinha um “Lisa” muito bom, mas nas minhas andanças não sei onde o larguei.
Eis as definições: Estratégia é a arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos.Tática é a maneira de sair-se bem em qualquer coisa.
Essas são as interpretações banais.A definição militar não altera muito.
Continuei como estava.
Parecem ser a mesma coisa, como já era minha opinião.
Estudando a arte da guerra, aprendemos que um ponto estratégico se conquista com manobras táticas.Qualquer idiota saberia.
Mas a essência da diferença entre as duas coisas é que preciso descobrir.
Volto ao “Aurélio”.
Arte de aplicar os meios...
Maneira de sair-se bem...
Não encontro diferença.
Podemos até dizer que tática são os planos-meio e estratégia os planos-fim.
Visto assim, apresentam diferenças óbvias.
Contudo, apenas em situações simples e bem definidas essas diferenças se apresentam facilmente visíveis.
Por exemplo: Minha estratégia é conquistar essa garota e minha tática vai ser parecer um homem bastante educado e gentil.
São duas etapas.Isso fica bem definido no exemplo.E pode-se até perceber a dependência que adquire a primeira meta em relação à segunda.A estratégia amparada na tática para sobreviver.
Então minhas suspeitas são infundadas.
Os vocábulos não são assemelhados.
Hummm...
Não sei.
Não consigo me convencer no ponto da correta aplicação do termo estratégia.Ora, para mim significou objetivo.E objetivo não requer manobras.Sua conquista, sim.
O amigo internauta consegue entender o que digo?
Embora o termo “objetivo” pareça depender totalmente de interferências externas para sua sobrevivência integral dentro de linhas lógicas de induções onde se coloca a ação sobreposta à essência, o vocábulo em si é totalmente estéril.
Consegue compreender?
Posso até inverter as posições das palavras na frase que dá no mesmo.
Minha tática é conquistar essa garota, e minha estratégia vai ser parecer...
Não leva ao mesmo sentido?
Enrolo-me ainda mais quando sinto que no fundo todo plano estratégico termina sendo um plano tático (reforçando a minha crença de ser tudo a mesma coisa), embora isso não possa ser bem aplicado se eu inverter e entender as palavras como simples adjetivos.
E mais ainda se procurar encontrar outros sentidos ou conseqüências que possam estar contidos na idéia primária.
Vejamos.
Minha estratégia vai ser conquistar essa garota.
Conquistar essa garota...
Conquistar para que?
Quero namorar ela?Quero casar com ela?Quero só dar uma trepadinha com ela?
A estratégia envolve agora então um fim secundário.
A primeira composição dada a essa frase perdeu o sentido essencial.Tanto que posso agora altera-la novamente.
Minha estratégia vai ser comer essa garota e minha tática conquista-la (já que à força não vai ser mole).
Veja bem, o que era estratégia passou facilmente a ser tática.
Seria estranho pensar agora então: Minha estratégia vai ser comer essa garota e minha tática final vai ser primeiro conquista-la com uma tática intermediária de parecer educado e gentil.
Observou que o que era uma estratégia bem definida cedeu lugar à tática?
E dessa maneira, em exemplos mais complexos, podemos sempre empurrar a estratégia do seu lugar primordial para encaixarmos no lugar uma tática.
Vamos então fazer uma peripécia.Inverter a posição das palavras. Posso dizer que minha tática é comer essa garota usando a estratégia de conquista?
Posso trocar tudo?
Pode soar mal, mas de acordo com a definição do dicionário, sim.
Minha tática (explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos) vai ser comer essa garota e minha estratégia (maneira de sair-se bem em qualquer coisa) vai ser conquistá-la.
Troquei a ordem das palavras e o conteúdo da frase parece não ter sofrido nada.
Qualquer um entenderia.
O que me obriga também a abandonar a idéia de planos-meio e planos-fim.
Aonde reside então a diferença?
Vamos primeiro observar o que ficou mais evidente durante as manobras com a frase.
A estratégia pode sempre ceder lugar à tática, desde que empurrada para objetivos mais distantes.
A tática pode ser mutável.Pode tomar o lugar da estratégia, mas parece precisar da mesma para dar sentido ao assunto.
Observemos.
(Frase a) Minha estratégia é comer essa garota.
(Frase b) Minha tática é comer essa garota.
A primeira frase parece plausível, mas a segunda aparenta precisar de um complemento, já que tática parece não soar contendo um sentido final claramente definido.
“Minha tática é comer essa garota”, não cai muito bem.Mais aceitável seria dizer: ”Minha estratégia é comer essa...”
Por que então a frase A ficou consistente e a B não, se a construção foi idêntica?
Sentido de objetivo.
Deve ser isso.Estratégia tem somente significado de objetivo.
Porra, então estratégia é objetivo.Não tem o significado dado pelos dicionários.Significa apenas objetivo.
Meu objetivo é comer essa garota, com táticas tais...
Estratégia não é a arte de aplicar os meios, ou explorar condições favoráveis, isso também é tarefa da tática, já que pode até em desdobramentos usurpar a sua posição.
Acontece, como citei no começo do assunto, que também desconfio que as duas palavras significam a mesma coisa.
O que é contraditório.
Como isso é possível?
Pode uma palavra aparentar, dentro de um só contexto, duas idéias ao mesmo tempo?
Talvez isso seja possível, sim.
Mas tal fenômeno só ocorre devido à importância de seus significados.
E a importância, assim como a criação da palavra, sofre de uma dependência totalmente humana, e essa condição “per si” é falível.
Se retirarmos a complexa interpretação da palavra “estratégia”, ela não pode ser totalmente substituída por “objetivo”?
Podemos, dessa forma, até destruir alguns vocábulos.
“Saudade”, pode ser um exemplo disso.
Ora, o que é “saudade”?
Saudade é uma lembrança, mas nem toda lembrança pode resultar em saudade.
Torna-se necessário que essa lembrança nos seja boa, para se transformar em saudade.
Então, posso até dizer que a palavra não existe.Ou que ela é inteiramente supérflua.
O que existe é uma recordação boa, já que não aparenta ser normal, eu ter saudades de algo que me fez sofrer.
Será?
Ora, não dificilmente, uma pessoa que alcançou certo sucesso em sua vida, pode recordar com razoável prazer os momentos em que sequer tinha o que comer antes de conquistar uma melhor condição de vida.
Então “saudade” não é apenas uma recordação boa.É qualquer tipo de recordação.
O que dá às duas palavras o mesmo significado.
Mas como, se todos nós entendemos que esses adjetivos possuem certas diferenças?
Posso sim, ter saudades de maus momentos.Mas meu “Aurélio” diz que para haver saudade, é preciso existir afeto na recordação.
Como posso conceder afeto aos dias em que chorei entristecido por não ter nada o que comer?
Afeto, o mesmo “Aurélio” diz que é afeição, amor...
Pode alguém sentir afeição aos dias em que passou extrema penúria?
Caramba!
Eu vou é dormir.
 
Comments:
desculpe se estou falando besteira...

mas comer a garota nao seria uma estrategia sem um proximo objetivo...

no meu raciocinio, levando em conta os termos de guerra seria: voce utiliza de manobras taticas para conseguir um ponto estrategico para facilitar o conquista de um determinado territorio, ou derrubada de um determinado inimigo.

por exemplo, eu acho q ficaria correto se fosse assim:
eu quero perder minha virgindade(objetivo)...
minha exploração dos meios para concluir meu objetivo é comer aquela garota que me dá mole (estratégia), e minhas maneiras de me sair bem nisso sao parecer simpatico e conquistá-la (tática)
 
Caro Alex
O problema é que posso inverter (como fiz no texto) a utilização dos vocábulos, que a idéia ainda permanece intacta.
A estratégia final pode ser facilmente substituída como manobra tática.
Procure observar.
Assim mesmo, vou analisar seu posto de vista.
Talvez eu esteja enganado.
 
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