SOMBRAS SOMENTE

13 outubro, 2006
  ACOMETIDO NA CAMA POR QUATRO ESPASMOS SIMULTÂNEOS

Acabei de lembrar Nietzsche.
Está bem, era louco, todos sabem, mas não foi ele quem seduziu a irmã. O contrário ocorreu. O problema é que nessas situações temos a tendência de colocar sempre a culpa no sexo masculino.
Era ela, todavia, quem ia para debaixo das suas cobertas e ficava manuseando libidinosamente seu ponto mais íntimo. E como uma criança na sua idade poderia resistir?
O clamor dos instintos.
O clamor do sexo.
Contudo vem a questão da complacência.
Em que ponto, quando ela ocorre, se transforma em concordância?
Descubro uma linha bastante tênue separando as duas coisas.
Complacência e concordância.
Depois penso nisso.




É uma delícia ficar analisando as partidas de Lélio. Produz o mesmo efeito que nos dá a contemplação de uma maravilhosa obra de arte plástica.
Lélio Marcos Sarcedo é um ex-campeão brasileiro no jogo de Damas. Um dos maiores inovadores dessa modalidade, com sua conhecida e inigualável tática ocupando os pontos marginais e não o centro.
Mas no livro Lélio 1, de sua autoria, na página 81, analisando a variante A na abertura Pioneiro Branco, encontra-se um erro tão crasso que só pode ter acontecido por um descuido seu ou da gráfica que o imprimiu.
Vejam a linha.
1.c3-d4 f6-g5 ; 2.g3-f4 g7-f6 ; 3.h2-g3 g5-h4 ; 4.d4-c5 d6xb4 ; 5.a3xc5 b6xd4 ; 6.e3xc5 h8-g7 ; 7.b2-c3 f6-g5 ; 8.a1-b2 g5xe3 ; 9.d2xf4
variante A) 9 ... e7-f6 ; 10.e1-d2 f8-e7 ; 11.b2-a3
e nesse ponto Lélio sugere para as pretas 11 ..... f6-g5 seguido do lance branco 12.d2-e3, mas se as brancas agora jogam 12.c5-d6 o jogo das pretas desmorona, pois segue 12 ... e7xc5 ; 13.c3-b4 g5xe3 ; 14.b4xd6 c7xe5 ;
15.f2xh8=D e as pretas devem abandonar.
Será que estou errado?
Se alguém descobrir o que houve, por favor, me comunique. Isso me tem feito perder algumas noites.




“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante”.
Caramba! Não houve brado, muito menos do povo.
Não acredito nem que houve a famosa frase e, provavelmente, D.Pedro nem estava a cavalo. Não era condizente com sua posição uma viagem em tal tipo de transporte. Mas tenho que perdoar o Américo. Nas artes é preciso sempre dar um toque de dramaticidade.
Mas o povo não bradou.
O povo não bradou.
A maioria, quiçá nem quisesse a libertação. Só alguns pseudos patriotas para benefício próprio. E deu no que deu.





Tento encontrar o motivo de Flaubert conceder a Legião de Honra para Homais e não consigo.
Quis nos afrontar? A mediocridade já era, como nos dias atuais, relevante e dominadora?
Não acredito. Aquela era uma época de grandes homens.
Deve ter havido outra consideração. Um certo escárnio por Charles, quiçá.
Acontece que quando o leio, parece demonstrar certo orgulho dessa personagem. E Charles, analisando cuidadosamente, não é todo desprovido de relevos. Tem uma simplicidade contagiante e Flaubert bem se inteirava dessa espantosa beleza que encontramos nas obras medianas. Veja a música de Luiz Gonzaga, por exemplo. Simples, mas não medíocre. 'Asa Branca' parece repetir a mesma nota sempre, contudo o faz de forma espetacular.
Então por que agraciar Homais?
Atingir a figura de Emma Bovary?
Mostrar que esse “desencontro contínuo de almas congêneres, nesse mundo de eterno esforço e de eterna imperfeição”, citando Eça de Queiroz, pode resultar na vitória dos brutos e estúpidos tal como nos dias atuais?
Não, ainda não acredito que seja isso. Ele não tinha alma para crer em verdades imperiosas.
Talvez não aceitasse Charles, pois esse tinha um pouco de si mesmo e assim condecorou Homais por vingança.
Não, ainda não me parece provável.
Parece então que é necessário rever a figura de Emma no contexto geral para uma melhor compreensão dos protagonistas masculinos.
Sim, talvez seja isso. Entendendo Emma, entende-se Charles e ainda Flaubert.
Melhor agora é ir dormir, no entanto.
 
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